Estamos vivendo a era do descartável e do instantâneo. O que
importa hoje, para a maior parte da população, é o aqui e o agora. Essa gente
pouco pensa em ações, relacionamentos e investimentos de longo prazo,
planejados, organizados, duráveis e estáveis. Segundo essa cultura de massa, o
que vale é o momento. Subjaz aqui o velho e conhecido “princípio” latino Carpe
diem, de Horácio. São aquilo que poderíamos chamar de ações, relacionamentos e
investimentos chiclete. Enquanto estão docinhos e agradáveis, as pessoas se
deleitam. Passou o doce e se tornaram borracha, jogam fora, descartam.
Dentro dessa ideologia, estão, como afirmamos, os
relacionamentos. E um dos que mais têm sido atacados é, indubitavelmente, o
casamento. Estamos assistindo ao aviltamento, ao ultraje paulatino e sistemático
dessa instituição divina. Em total harmonia com esse ideal atual, estão
recentes decisões tomadas pelo Senado e pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Há
cerca de um ano, o Senado aprovou a Lei do Divórcio Direto, conforme a qual “o
pedido de divórcio poderá ser imediato, feito assim que o casal decidir pelo término
do casamento” (NUBLAT, J. & GUERREIRO, G. Lei que agiliza processo de divórcio
é aprovada no Senado. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/763738-lei-que-agiliza-processo-de-divorcio-e-aprovada-no-senado.shtml>.
Data de publicação: 8 jul. 2010. Data de acesso: 20 jul. 2011). Já em maio
deste ano, o STF aprovou unanimemente a chamada união estável entre gays, o que
a princípio parece ser algo favorável à família, vez que um casal homossexual
formaria uma nova; todavia, trata-se de uma injúria a ela, pois sua cópula não
gera prole.
Tomando como foco para nossa reflexão a referência à decisão
do Senado, notamos que seu efeito, isto é, o divórcio é uma tendência social
moderna. Virou moda divorciar-se. O pastor presbiteriano Hernandes Dias Lopes
assevera que a “sociedade moderna tem sacudido de si o jugo das Escrituras para
viver o permissivismo de uma cultura humanista. Muitos casais com a esperança
morta, com os sonhos sepultados, feridos pela infidelidade, secos pela ausência
do amor buscam a fuga do casamento no divórcio.” (LOPES. H.D. Divórcio: liberdade
ou prisão?. Disponível em: <http://hernandesdiaslopes.com.br/2004/05/divorcio-liberdade-ou-prisao/>.
Data de publicação: 28 mai. 2004. Data de acesso: 20 jul. 2011).
Como prova disso, diariamente temos notícias de novos
divorciados. A mais recente foi a do jogador Robinho, da Seleção Brasileira. “Robinho
confirmou nesta terça-feira que está em processo de separação. O jogador do
Milan havia se casado com Vivian em julho de 2009, com quem teve dois filhos. O
atacante da seleção brasileira publicou a notícia oficialmente em sua conta no
Twitter” (UOL ESPORTE. Robinho está se separando da mulher e critica ''inverdades''
da imprensa. Disponível em: <http://esporte.uol.com.br/futebol/ultimas-noticias/2011/07/19/robinho-anuncia-processo-de-separacao-e-critica-inverdades-da-imprensa.htm>.
Data de publicação: 19 jul. 2010. Data de acesso: 20 jul. 2011). O casamento
desse jogador durou dois anos. Como se não bastasse, anunciou sua separação no
Twitter, rede social de conversa instantânea e curta. Se não fosse algo lastimável
o que ocorreu, diríamos que é uma piada pronta. É o casamento-twitter. Dura até
140 caracteres.
Seu caso, infelizmente, não é o único. Na verdade, ele se
junta a milhares de outros que veem nisso algo normal e, quiçá, necessário. Mais
um mau exemplo é o de outro atleta de projeção, Alexandre Pato. Segundo a
imprensa, seu casamento perdurou apenas nove meses. Casamentos e mais
casamentos rompidos do maneira abrupta.
Obs.: o pior de tudo, aparentemente oposto ao que
asseveramos no introito, é que uniões de
duração relativa também estão se dissolvendo. Senão, quem não se lembra
de Arnold Schwarzenegger, que se separou de Maria Shriver? A revista Veja
publicou que “Maria e Schwarzenegger anunciaram sua separação em 9 de maio [de 2011],
após 25 anos de casamento. Dias depois, Schwarzenegger reconheceu em público
que teve um filho com uma empregada que trabalhou para sua família durante 20
anos” (REVISTA VEJA. Maria Shriver pede o divórcio de Arnold Schwarzenegger. Disponível
em: <http://veja.abril.com.br/noticia/celebridades/maria-shriver-pede-o-divorcio-de-arnold-schwarzenegger>.
Data de publicação: 1 jul. 2010. Data de acesso: 20 jul. 2011).
O que está ocorrendo? Tudo isso nos mostra que grassa uma
banalização do casamento. É a sabedoria dos homens, a sabedoria secular, a
sabedoria louca vigendo. É provável que o divórcio ocorra amiúde porque pessoas
de projeção o praticam. É claro que essa prática é própria da dureza do coração
do homem que, sem Cristo, está irremediavelmente condenado e morto (Ef 2.1; Jo 3.18).
O conhecimento bíblico não é – incontestavelmente – o mesmo
que o secular. A Bíblia ordena que “venerado seja entre todos o matrimônio e o
leito sem mácula” (Hb 13.4a). O casamento deve ser venerado. O casamento é digno
de honra. Todos temos de venerar o matrimônio. E o que é venerar?
Essa palavra, consoante o Houaiss, designa “dedicar
reverente respeito e deferência a, ter grande consideração por; ter em grande
consideração ou estima; respeitar, acatar; prover de alimentos; sustentar”.
Dessa forma, vemos, em primeiro lugar, que todos (mormente
os servos de Jesus) precisam dedicar reverente respeito ao casamento. É urgente
termos grande consideração por tal instituição divina. Não é para a tratarmos
como algo banal, algo descartável, simplório, fugaz. Não! Biblicamente, nossa
responsabilidade é ter o matrimônio em grande estima. O que temos feito,
afinal? Nosso casamento tem sido tratado por nós veneradamente ou tuitamente?
Em segundo lugar, vemos pela definição do dicionário que
venerar é sustentar, prover de alimentos. Casamento não é a festa das bodas. Não
é a festa do casamento. Temos sustentado nosso casamento? Temos investido nele?
Como podemos fazer isso?
Ora, o casamento é sustentado com diálogo. O casamento é sustentado
com tempo, fidelidade, com comunicação. A fim de tentar evitar e evitar a diluição
do casamento, precisamos dar-lhe alimentos. Que são esses? Além dos que já mencionamos,
temos de prover nossa união conjugal de elogios (Ct 4.7), de romantismo (v. 9),
de amizade (v. 12), de prazer, de carícias (v. 15), de perdão, de altruísmo, de
busca pela maturidade, de busca da felicidade do cônjuge.
O casamento não precisa de glamour, de fama, de riquezas, de
pompa. Pelos maus exemplos que citamos neste artigo, vemos com clareza que o
casamento não se sustenta com dinheiro, com posição social, com o sucesso. Casamento
deve ser orientado por Deus, segundo Sua palavra. Somente assim, teremos condições
de venerar o matrimônio. Apenas dessa maneira, não viveremos de aparências. Tão-somente
desse jeito, estaremos aptos a tratar o matrimônio com deferência e a apascentá-lo
de modo escorreito, não o aviltando.
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